A NECESSIDADE CRÍTICA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

DECLARAÇÃO CONJUNTA DE ACADEMIAS DE CIÊNCIAS E MEDICINA
À medida que o novo coronavírus se espalha pelo mundo e o número de casos e mortes
continua a aumentar, quase nenhum país ou comunidade permanece intocado por essa ameaça
em rápida evolução. Ações drásticas e urgentes estão em andamento em todos os níveis de
nossas sociedades para limitar a disseminação da COVID-19, identificar novas infecções, cuidar
dos doentes e prevenir mortes, reduzir os transtornos sociais e econômicos, e atender às
necessidades básicas humanas. Incertezas iminentes permanecem e muito ainda precisa ser
feito. Nesse momento crítico, nós, as Academias de Ciências e Medicina do G-Science de todo o
mundo, incluindo as academias dos países do G7, estamos atuando domesticamente em nossos
países de várias maneiras. Mas acreditamos que é essencial enfatizar, juntos, a URGÊNCIA DA
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL, em várias dimensões:
1. Comunicação internacional rápida, precisa e transparente sobre o desenvolvimento da
epidemiologia desta nova doença viral, incluindo padrões de transmissão, período de
incubação e letalidade, e a eficácia de vários métodos de intervenção.
2. Compartilhamento em tempo real de informações científicas detalhadas sobre o vírus,
a fisiopatologia da doença que ele causa e a resposta imunológica humana, suas origens,
genética e mutações, e atividades coordenadas para promover o aumento do
conhecimento em todas essas áreas.
3. Compartilhamento de informações sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D) de
produtos médicos para lidar com a doença, em conjunto com esforços de pesquisa
colaborativa para promover essa P&D vital.
4. Em reconhecimento de nossa confiança mútua, coordenação e alinhamento de
processos regulatórios e de fabricação e de padrões de qualidade necessários para
acelerar a disponibilidade de equipamentos de proteção individual confiáveis,
dispositivos de teste para diagnóstico e capacidade de tratamento médico.
5. Esforços colaborativos para realizar uma análise rápida, mas baseada em evidências, de
preocupações emergentes ou questões distintas de programas e políticas que podem
surgir à medida que a pandemia global avança.
6. Desenvolvimento coordenado de orientações, mensagens e comunicações,
consistentes e baseadas em evidências, para o público e os formuladores de políticas
em circunstâncias que mudam rapidamente.
A cooperação internacional e o compartilhamento de informações em todas essas
dimensões serão particularmente cruciais em países e regiões onde o sistema público de saúde
e sua infraestrutura de assistência à saúde não são adequados, onde a doença ainda não está
em seu pico de impacto, e onde as condições sociais, econômicas e de saúde indicam extrema
vulnerabilidade à rápida disseminação da doença e capacidade de resposta deficiente. Isso é
particularmente verdadeiro para populações de regiões em desenvolvimento do mundo,
incluindo África, Ásia e América Latina, bem como regiões vulneráveis de grandes
conglomerados urbanos.
Também é urgente entender, projetar e se preparar para as diversas dimensões do
impacto econômico e social da doença e as necessidades humanitárias iminentes. Organizações
bilaterais de assistência ao desenvolvimento e bancos internacionais de desenvolvimento serão
atores fundamentais, assim como fundações privadas que desempenharam papéis importantes
em situações de crise internacional. A Organização Mundial da Saúde é de importância central
em muitas dessas dimensões e precisa do forte apoio e cooperação de todos os nossos países.
A humanidade tem sido repetidamente ameaçada por doenças infecciosas e, a cada vez,
tem superado a crise. Continuaremos a enfrentar sérias ameaças de doenças infecciosas no
futuro, de gripes pandêmicas a infecções resistentes a medicamentos. São necessários esforços
concertados para abordar as conexões críticas entre a degradação ambiental e os vetores de
doenças, a fim de se evitar futuros surtos de novos patógenos. A presente tragédia da COVID19 deve nos estimular a fortalecer dramaticamente nossos esforços para prevenir e controlar
doenças infecciosas, para que as sociedades humanas melhorem seus estados de prontidão e
aumentem a resiliência às calamidades provocadas por doenças infecciosas.
Esta é uma declaração das quinze academias listadas abaixo. Também somos membros
da Parceria InterAcademias (IAP), com participantes de mais de 100 países ao redor do mundo,
incluindo países que se encontram nas circunstâncias mais difíceis. As academias-membro da
IAP podem desempenhar um papel importante em seus próprios países e cooperar internacional
e regionalmente, trabalhando em estreita colaboração com o governo, a academia e o setor
privado, a fim de superar a atual pandemia da COVID-19.
Signatários:
Academia Brasileira de Ciências, Brasil
Académie des Sciences, França
Accademia Nazionale dei Lincei, Itália
Deutsche Akademie der Naturforscher Leopoldina, Alemanha
Global Young Academy
Indian National Science Academy, Índia
Indonesian Academy of Sciences, Indonésia
Korean Academy of Science and Technology, Coreia do Sul
National Academy of Medicine, Estados Unidos
National Academy of Sciences, Estados Unidos
Nigerian Academy of Science, Nigéria
Royal Society of Canada, Canadá
Royal Society, Reino Unido
Russian Academy of Sciences, Rússia
Science Council of Japan, Japão

Fontes:

https://www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/diante-da-pandemia-de-coronavirus-academias-de-ciencias-de-13-paises-assinam-nota-pedindo-cooperacao-internacional/46756/

http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2020/04/Declarac%CC%A7a%CC%83o-GScience-COVID-19.pdf