Fatores sociodemográficos associados à mortalidade hospitalar por COVID-19 no Brasil

Resumo

Objetivos

A pandemia da doença coronavírus 2019 (COVID-19) destacou as desigualdades no acesso aos sistemas de saúde, aumentando as disparidades raciais e piorando os resultados de saúde nessas populações. Este estudo analisou a associação entre características sociodemográficas e mortalidade hospitalar do COVID-19 no Brasil.

Design de estudo

Uma análise retrospectiva foi realizada em pacientes adultos hospitalizados com COVID-19 com um desfecho definido (ou seja, alta hospitalar ou óbito) confirmados por reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa quantitativa no Brasil. Os dados foram recuperados do banco de dados do sistema de vigilância nacional (SIVEP-Gripe) entre 16 de fevereiro e 8 de agosto de 2020.

Métodos

Foram investigadas características clínicas, variáveis ​​sociodemográficas, uso de recursos hospitalares e desfechos de pacientes adultos hospitalizados com COVID-19, estratificados por raça autorreferida. O desfecho primário foi mortalidade hospitalar. A associação entre raça autorreferida e mortalidade intra-hospitalar, após ajuste para características clínicas e comorbidades, foi avaliada por meio de modelo de regressão logística .

Resultados

No período do estudo, o Brasil teve 3.018.397 casos confirmados de COVID-19 e 100.648 óbitos. A população do estudo incluiu 228.196 pacientes hospitalizados adultos COVID-19 positivos com um desfecho definido; a mediana de idade foi de 61 anos, 57% eram homens, 35% (79.914) autorreferidos como pretos / pardos e 35,4% (80.853) autorreferidos como brancos. A mortalidade hospitalar total foi de 37% (85.171 / 228.196). Pacientes negros / pardos apresentaram mortalidade hospitalar maior do que pacientes brancos (42% vs 37%, respectivamente), foram admitidos com menos frequência na unidade de terapia intensiva (UTI) (32% vs 36%, respectivamente) e usaram ventilação mecânica mais invasiva(21% vs 19%, respectivamente), especialmente fora da UTI (17% vs 11%, respectivamente). A raça negra / parda foi independentemente associada com alta mortalidade hospitalar após ajuste para sexo, idade, escolaridade, região de residência e comorbidades (odds ratio = 1,15; intervalo de confiança de 95% = 1,09-1,22).

Conclusões

Entre os adultos brasileiros hospitalizados com COVID-19, os pacientes negros / pardos apresentaram maior mortalidade intra-hospitalar, utilizaram menos recursos hospitalares e apresentaram condições potencialmente mais graves do que os pacientes brancos. As disparidades raciais nos resultados de saúde e no acesso aos cuidados de saúde destacam a necessidade de implementar ativamente estratégias para reduzir as iniquidades causadas pelos determinantes mais amplos da saúde, levando a uma mudança sustentável no sistema de saúde.

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