Dia da Consciência Negra, a luta antirracista e a categoria farmacêutica!
O mês da Consciência Negra é um dia voltado à reflexão social sobre as condições da população negra no Brasil. É um dia de luta e mobilização social, para denunciar o racismo. E principalmente para mostrar que com unidade e luta é possível combater as mais diversas formas de violências que passam pela discriminação, a sub-representação na política e nos espaços de poder, e principalmente no dia a dia da vida das pessoas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a população brasileira em 1º de agosto de 2022 era de 203.080.756 habitantes. Sendo 20.6 milhões de cor/raça preta (10.2%); 104.548.325 são mulheres (51,5%). A população preta é a única raça em que o número de homens supera o de mulheres (103,9 homens para 100 mulheres), com exceção da Região Sudeste, onde a razão de sexo é de 99,9. Acrescenta-se a informação que de acordo com o Censo de 2022, a população negra (pretos e pardos) do Rio Grande do Sul corresponde a 21,9% dos habitantes do estado, ou seja, 2.306.194 pessoas. No entanto, o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior percentual de pessoas que se declaram brancas, com 78,4% da população.
Em consulta ao site do CRFRS, do total de 18297 farmacêuticos no RS, 14247 são mulheres (78%). Comprovando que as mulheres são maioria na categoria.
Ainda inexistem informações sobre a quantidade de farmacêuticas e farmacêuticos negros no Brasil.
O Dieese publicou estudo que reafirma a desigualdade racial no mercado de trabalho. “O mercado de trabalho talvez seja um dos meios onde a discriminação e a desigualdade sejam mais evidentes”, afirma o documento. Os negros e as negras têm mais dificuldades de conseguir emprego, ocupam os piores postos de trabalho e quase a metade está na informalidade. Das dez ocupações com os maiores rendimentos, só 27% são de trabalhadores negros. Na outra ponta, as dez ocupações com os piores rendimentos são constituídas de 70% de negros. Pior ainda a situação da mulher negra
Acreditamos que o papel do Sindifars na luta antirracista deve ser o de assumir o compromisso social com agendas cidadãs pautadas na erradicação de todas as formas de intolerância, discriminação e violação de direitos humanos para a construção de uma sociedade mais justa. Isto seja na perspectiva de respeito às farmacêuticas e aos farmacêuticos negros; seja na ótica que na atuação profissional a categoria farmacêutica precisa atuar com ética e respeito a todas as pessoas; seja na compreensão que só iremos superar quaisquer tipos de discriminação, como a racial, se nos unirmos amplamente as diferentes ações que dialogam com os nossos princípios.
O Combate ao Racismo deve ocorrer a partir de uma visão estratégica de elevar ainda mais o antirracismo como parte constituinte e destacada de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, compreendendo-a como uma necessidade imperiosa para o avanço nacional e a emancipação social.
Não há democracia sem a inclusão da população negra! “Numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” (filósofa, escritora, professora e ativista estadunidense Angela Davis).
Deste modo defendemos:
- O cumprimento a Lei 14.611/2023 pelo estabelecimento de salários iguais para a mesma função, aumento a fiscalização contra a discriminação, facilitar os processos legais, promover a igualdade de remuneração entre mulheres e homens e combater a discriminação salarial.
- Que as empresas adotem ações afirmativas e promovam ambientes seguros e saudáveis.
- A formação antirracista para profissionais de saúde que envolva a reflexão sobre o papel de cada profissional no combate ao racismo estrutural na sociedade.
- O combate a todas as formas de intolerância, defendendo os direitos individuais, promovendo o acesso à informação, com conhecimento, discussões e debates, além de lutar por políticas públicas que estimulem a tolerância e o respeito.
- O desenvolvimento com valorização do trabalho e a adoção de políticas que combatam a discriminação e facilitem o acesso da população negra à educação e ao trabalho.
- Políticas de cotas que garantam o ingresso de pessoas negras nas universidades, alinhado ao necessário processo de inclusão do perfil étnico racial autodeclarado.
- Não é possível pensar processos de transformação social sem a participação da juventude. E a juventude negra liderou, ou esteve presente ativamente, movimentos pelo avanço democrático do Brasil.
- De maneira geral, o Brasil precisa ampliar os investimentos em políticas públicas sociais (geração de emprego e renda, moradia, saúde, saneamento básico, educação, ciência e tecnologia, cultura, e segurança pública), que são vitais para a melhoria das condições de vida do nosso povo, sobretudo da classe trabalhadora. O combate ao racismo exige a superação da pobreza, da miséria e do abandono de milhões de brasileiras e brasileiros.
- Afirmamos o caráter laico do Estado brasileiro e a defesa da liberdade de crença, religião e de culto, conforme estabelece a Constituição de 1988.
- Ampliar os investimentos nas manifestações culturais negras, em todas as linguagens artísticas, e garantir a defesa e a promoção de patrimônios culturais simbólicos, como a capoeira, o samba, as irmandades, o carnaval, as festas religiosas, o Hip Hop, entre outras manifestações culturais.
O Sindifars abraça e valoriza toda a categoria farmacêutica no RS, e neste momento, em especial as farmacêuticas e os farmacêuticos negros. E em nome deles convidamos a todas as pessoas para somarmos força social e política antirracista, alicerçada em valores democráticos e com igualdade de oportunidades.
Saiba Mais:
20 de novembro: Data faz referência à morte de Zumbi, que foi líder do Quilombo dos Palmares. Zumbi foi eleito como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, pelos membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial.
O Estatuto da Igualdade Racial (EIR) considera a cor parda como raça negra, para fins legais. O IBGE, por sua vez, classifica a população brasileira em cinco cores/raças, sendo uma delas a parda. No entanto, o IBGE não considera os pardos como negros em suas pesquisas.
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