Mais de 3,4 mil farmacêuticos contraíram Covid-19. Mas exposição é muito maior.
O último levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) notificou 3.444 casos, entre suspeitos e confirmados, de coronavírus (Covid-19) em farmacêuticos. O IBGE divulgou pesquisa sobre Covid-19 no país mostrando que, dos 22 milhões de pessoas que apresentaram alguns dos sintomas, 11 milhões se automedicaram. Esse número mostra como o farmacêutico é o profissional de saúde mais exposto ao contato com o Coronavírus. O Presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, explica em vídeo.
A pesquisa demonstra a grande exposição da categoria, que está na ponta das ações de enfrentamento ao Covid-19. “Estamos nas farmácias, hospitais, postos de saúde, atendendo a população e prestando orientações, em muitos casos sem a devida proteção. A pesquisa mostra que aproximadamente 11 milhões de pessoas tomaram medicamentos para os sintomas relatados. Mesmo que uma parte já tivesse esses medicamentos em casa, o que podemos inferir dessas dados é que um enorme contingente de pessoas foram às farmácias”, explica o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.
“Infelizmente, muitos estabelecimentos ainda não estão oferecendo as condições adequadas para o trabalho da categoria. Ainda persiste a dificuldade de acesso aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s em algumas regiões. Mas, o problema principal é garantir que essas EPI’s estejam dentro dos padrões definidos nas normas sanitárias, que sejam de fato adequadas para que a categoria desenvolva seu trabalho. O que vemos, infelizmente, são profissionais usando máscaras de pano e trabalhando em ambientes que não estão observando as devidas normas para proteção dos trabalhadores e também dos usuários. Estamos vulneráveis e é preciso adotar medidas urgentes para aumentar a segurança dos profissionais farmacêuticos”, alerta o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos.
É importante ressaltar que as redes de farmácias têm o dever de auxiliar na proteção dos colaboradores. A RDC 44, de 17 de agosto de 2009, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estabelece em seu Art. 18º que “para assegurar a proteção do funcionário, do usuário e do produto contra contaminação ou danos à saúde, devem ser disponibilizados aos funcionários envolvidos na prestação de serviços farmacêuticos equipamentos de proteção individual (EPIs)”.
Redes que descumprirem essa regulamentação podem estar sujeitas a muitas sanções. Nesse sentido, entidades estão criando sistemas para receber denúncias.
IBGE divulga dados sobre Covid-19 no país
A pesquisa do IBGE também demonstra a importância do SUS para a prestação dos serviços de Saúde. Na quarta semana de maio, 3,6 milhões de pessoas com sintomas de gripe procuraram atendimento médico em unidades da rede pública e privada de saúde no país. Mais de 80% desses atendimentos foram na rede pública de saúde. Desse total em busca de atendimento, 1,1 milhão se dirigiram a hospitais e 127 mil foram internadas.
Entre os 3,6 milhões que procuraram atendimento, podendo ter buscado mais de um tipo, 43,6% foram ao Posto de saúde, Unidade Básica de Saúde (USB) ou Equipe de Saúde da Família; 23,4% a pronto socorro do Sistema Único da Família ou Unidade (SUS) de Pronto Atendimento (UPA) e 17,3% a hospital do SUS. Na rede privada, a procura foi de 9,4% em ambulatório ou consultório privado; 12,8% em hospital privado e; 3,6% em pronto socorro privado. A pesquisa verificou que ao longo do mês de maio houve um aumento de 94 mil para 127 mil no número de internações hospitalares.
O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, comenta em vídeo a pesquisa e o papel do farmacêuticos e das farmácias. Assista abaixo.
Algumas entidades regionais também estão realizando levantamentos para medir o índice de infectados entre os trabalhadores que atuam nas farmácias. Recentemente, uma consulta realizada pelo Conselho Regional de Farmácia de Roraima (CRF-RR) com 41 profissionais, entre farmacêuticos, técnicos e analistas clínicos, identificou 27 casos positivos para Covid-19.
Dados apresentados pelo Conselho Regional de Farmácia do Maranhão (CRF-MA) também apresentaram números alarmantes. O levantamento mostrou 68 casos de farmacêuticos infectados naquele Estado, sendo que quatro foram vítimas fatais da doença.
“O Maranhão é um dos Estados com maior registro de casos no Brasil e o Governo tem testado muito as pessoas e, por isso, o registro acentuado do número de casos. Nós já tivemos aproximadamente 1.300 mortes em função da infecção pela Covid-19. Especificamente sobre os colegas farmacêuticos tivemos algumas perdas. Não há um número exato de farmacêuticos contaminados, principalmente, em serviço, porém, existem perdas registradas, alguns colegas em estado grave e outros que já se recuperaram”, disse o conselheiro federal, Marcelo Rosa, segundo informação divulgada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Canais de notificação e denúncia
Muitas iniciativas estão sendo desenvolvidas para receber notificações de profissionais de saúde sobre a disponibilização e uso de EPI’s e sobre outras situações de risco no exercício do trabalho. Além disso, materiais de apoio e orientação. Veja alguns links:
— Formulário para notificação da falta de EPIs – CFF: http://covid19.cff.org.br/formulario-para-notificacao-de-falta-de-epis/
— Manual CFF – Higienização das mãos para profissionais da saúde: https://bit.ly/2UVyozv
— Uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos Farmacêuticos e demais Profissionais da Saúde: https://bit.ly/2N5OBxN
— Portal de denúncia do Ministério Público do Trabalho (MPT): https://bit.ly/2C9s9Bo
— Radar da Saúde – http://www.radardasaude.com.br/views/map
Da redação com agêcias.
Publicado em 18/06/2020