Os impactos do coronavírus na tecnologia

Pessoal, sei que todo mundo está falando do Coronavírus, mas preciso trazer uma questão: quais são os impactos desta epidemia na tecnologia? E ainda, quais alternativas poderiam ser usadas para mitigar os efeitos desta crise, através dos próprios recursos tecnológicos?

 

“Estão todos em alerta, mas este texto não pretende alimentar o sentimento de medo. Apenas quero demonstrar que a tecnologia está diretamente relacionada a não só o coronavírus, mas a nossa própria sociedade”.

Lucas Cortizo

 

Não posso afirmar jamais quando vai parar esse coronavírus, mas não é a primeira epidemia do mundo e normalmente elas tendem a ser cíclicas, o que significa que em um certo momento vão encontrar formas mais eficientes de conter o vírus, apesar de ele se espalhar muito rápido.

 

Queria deixar registrado o meu orgulho das cientistas brasileiras Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus, e sua equipe, que conseguiram sequenciar o genoma do coronavírus em apenas 48 horas do primeiro caso confirmado no Brasil. Além de muito competentes, elas praticamente bateram um record, já que cientistas de outros países estão levando 2 semanas para fazer o que elas conseguiram por volta de 2 dias.

 

Impactos na tecnologia

 

Logo de cara, e de forma direta, a epidemia afetou a produção chinesa que (quer você queira, quer não), abastece o mundo. A região mais afetada pelo coronavírus na China, atualmente, é responsável por volta de 25% das exportações de smartphones do MUNDO. E isso obviamente vai afetar a cadeia de suprimentos.

 

Nós sabemos que os celulares são produtos de alto valor agregado. Então vamos pensar: se existe uma alta no custo da matéria-prima, e sabendo que o varejo e indústria andam sempre com margens de estoque apertadas, a tendência é que os custos de produção aumentem e ele seja repassado ao consumidor final.

 

Agora entendemos o motivo dos nossos celulares durarem pouco, quando se tem uma alta saída, praticamente são feitos para em poucos anos trocarmos

Lucas Cortizo

 

O impacto já virou números: a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) declarou recentemente que os impactos do surto do novo coronavírus já são sentidos por 70% das empresas da tecnologia no país. De fato, é uma porcentagem bastante alta e os reflexos são inevitáveis, por isso qual seria a possível solução?

 

Tecnologia, como sempre, uma possível solução

 

A tecnologia pode evitar aquilo que mais ajuda na propagação do coronavírus: o contato físico

De acordo com uma reportagem da Bloomberg News, a empresa JPMorgan Chase pediu que 10% dos seus empregados, cerca de 13 mil funcionários, que trabalhem de casa. Isso servirá como um teste para ver se o home office em grande quantidade é possível nessas multinacionais.

 

A própria Amazon pediu que os seus empregados checassem a conexão VPN para conseguir logar e trabalhar de forma remota. O problema que surge é se essas redes VPN serão capazes de suportar um aumento exponencial do uso por esses trabalhadores remotos. Veremos…

 

Chamar as gigantes da tecnologia para cooperar

 

Nos Estados Unidos a questão já está sendo tratada na base da cooperação entre setores. A Casa Branca reunirá representantes das gigantes da tecnologia para discutir maneiras pelas quais o setor público, pelo governo federal, e o setor privado com a indústria podem coordenar sua resposta ao surgimento do surto de coronavírus.

 

Nesta conferência organizada pelo Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia, aguarda-se a participação estratégica dos titãs Facebook, Google, Amazon, Apple, Microsoft e Twitter, seja pessoalmente ou por teleconferência. Quem conduzirá o evento será, nada mais que, o diretor de tecnologia dos EUA, Michael Kratsios.

 

Mas por que envolver estas empresas de tecnologia? Porque elas estão no centro da crise do coronavírus.

Lucas Cortizo

 

Por exemplo, as plataformas de rede social precisam estar bem alinhadas para combater a desinformação e as fake news sobre o doença. Já falamos no episódio #4 sobre fake news acerca de como funciona o algoritmo que decide o que cada pessoa irá receber de conteúdo, por isso muitas pessoas clamam para que seja dado destaque a links de fontes confiáveis e evitar, ainda mais, impulsionar conteúdo que alimente o medo na população.

 

No e-Commerce, o coronavírus têm um impacto esperado de rentabilizar o medo dos indivíduos, por isso a preocupação do Governo em se aliar com a gigante do comércio eletrônico, Amazon, para juntos conscientizar varejistas online a adotar práticas de vendas mais justas e honestas.

 

Infelizmente, já podemos encontrar vendedores que se aproveitam deste sentimento social para vender produtos que “tratam a doença” ou até o aumento drástico dos preços de produtos relacionados com o coronavírus, a exemplo de máscaras e produtos de limpeza.

 

Permanecemos ligados

 

A conclusão, por hora, não posso dar. Mas mantenho-me ansioso por ver até que ponto vai a cooperação entre os setores da economia para combater um inimigo em comum. E ainda, se as diversas soluções tecnológicas disponíveis vão ser usadas, a exemplo das Healthcare tech para identificar rapidamente sintomas, ou se os dispositivos da IOT (internet das coisas) já poderão acelerar o processo de monitoramento ubíquo.

 

Mas agora eu quero saber de você! Você tem alguma opinião sobre o tema ou quer contribuir e enriquecer o debate? Então comente aqui ou Fale com o DD Cast!

 

*post originalmente publicado em https://direitodigitalcast.com/impactos-coronavirus-tecnologia/ de autoria do Lucas Cortizo, Legal Officer na Malta’s Data Protection Authority (Autoridade Nacional de Proteção de Dados do país de Malta)