Temas mais buscados em março de 2021: Tratamentos na covid-19
A cada semana nós identificamos um termo mais buscado, procuramos descobrir o que causou a sua popularidade e fazemos um infográfico sobre uma doença ou quadro clínico relacionado. Se você tiver alguma ideia sobre o que está sendo uma tendência e por que razão, compartilhe com a gente no Twitter ou Facebook!
Um alerta intransigente contra a automedicação, uma nova orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e um estudo promissor ajudaram a fazer dos tratamentos da covid-19 a tendência clínica mais procurada da semana (ver infográfico abaixo).
A US Food and Drug Administration (FDA) alertou os consumidores contra o uso do antiparasitário ivermectina para tratar ou prevenir a covid-19. A orientação surgiu em resposta a vários relatos de pacientes hospitalizados ou que precisaram de atendimento médico após ter usado ivermectina – nos EUA, este medicamento não é aprovado pela FDA para uso em humanos, e os pacientes em questão utilizaram ivermectina de uso veterinário.
Um estudo feito com 476 pacientes recém-publicado no periódico JAMA constatou que adultos com covid-19 leve que tomaram ivermectina – esta sim, aprovada para uso humano – durante cinco dias não tiveram redução da duração dos sintomas em comparação ao placebo.
“Estes achados não corroboram o uso da ivermectina para o tratamento dos quadros brandos de covid-19, embora estudos maiores possam ser necessários”, concluíram os autores.
A OMS publicou uma diretriz interativa sobre os medicamentos para prevenir a covid-19. A primeira recomendação do documento informa que a hidroxicloroquina não deve ser usada para prevenção. Um grupo de especialistas constatou fortes evidências contra o uso deste medicamento para as pessoas sem covid-19, afirmando que “provavelmente não há efeitos positivos e houve risco de efeitos adversos” em quem fez uso off label do medicamento.
Em notícias mais encorajadoras, um estudo recente do medicamento experimental molnupiravir constatou que um comprimido tomado duas vezes ao dia durante cinco dias eliminou o SARS-CoV-2 da nasofaringe de 49 participantes. O médico Dr. Carlos del Rio disse que, se estudos futuros confirmarem resultados semelhantes, o molnupiravir poderia ser tomado nos primeiros dias dos sintomas para prevenir a doença grave, de modo semelhantes ao oseltamivir em caso de influenza. Ainda assim, o Dr. Carlos diz que é muito cedo para dizer que este medicamento é um avanço da ciência. “Tem o potencial de modificar os protocolos”, disse o médico, “não os modifica neste momento”. Estudos de fase 2/3 de eficácia e segurança estão em andamento em pacientes com covid-19, hospitalizados ou não.
Também foram relatados resultados positivos provenientes de um ensaio saio clínico com uma associação anticorpos monoclonais. Uma única injeção casirivimabe com imdevimabe feita em até 72 horas após o diagnóstico de um contatante familiar com infecção por SARS-CoV-2, evitou 100% da doença, 100% de alta carga viral, e reduziu o tempo de infecção assintomática para uma semana. Os dados foram apresentados na Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections 2021 Annual Meeting realizada recentemente de forma virtual. Como os resultados são provenientes de um estudo com poucos casos de infecção pelo SARS-CoV-2, não alcançaram significância estatística.
O Dr. Peter Hunt, médico professor de medicina experimental, observou que os resultados foram suficientemente bons para ele afirmar que os anticorpos poderiam mudar a maneira como a saúde pública aborda a equidade na resposta à covid-19 enquanto as vacinas marcam o passo em todo o mundo.
“O maior papel desses medicamentos agentes é nas regiões onde o aumento da vacinação é lento ou inexistente”, disse o Dr. Peter ao Medscape.
“Poderíamos evitar grande parte da mortalidade, por exemplo, nos países de baixa e média renda, com esses anticorpos monoclonais usados nos focos em locais de aglomeração (pessoas institucionalizadas, etc.). Quer dizer, se novas pesquisas tiverem resultados igualmente positivos”.
Embora a vacinação e a prevenção da covid-19 tenham tomado conta das manchetes mais recentes, o interesse nos tratamentos permanece alto, como evidenciado pelo tema clínico mais buscado da semana.