CONVOCATÓRIA DA FRENTE DA SAÚDE PELA VACINAÇÃO PÚBLICA AOS TRABALHADORES DA SAÚDE

A Frente da Saúde pela Vacinação Pública é uma frente nacional formada por entidades representativas de trabalhadoras e trabalhadores e da saúde, sendo esta encarada de forma estendida, ou seja, pela ampla composição de assalariados e autônomos, ligados à saúde, a saber: de trabalhadores da limpeza, copa hospitalar e vigilância dos serviços, agentes de saúde e endemias, técnicos da odontologia e radiologia, auxiliares administrativos, técnicos e auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos, trabalhadores odontológicos, trabalhadores do campo da nutrição, assistentes sociais da saúde, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional, terapeutas e psicanalistas,
profissionais de todos os ofícios multidisciplinares da saúde, assim como professores  universitários, pesquisadores a dirigentes de institutos.

Nosso objetivo é alcançar a Vacinação Universal e Pública sob a égide do SUS para todo e cada um dos cidadãos residentes neste país, tendo em vista que esta é a maior crise sanitária que já enfrentamos.

A pandemia do novo coronavírus já alcançou milhões de infectados e um elevado número de mortes, com projeção de aumento expressivo nos próximos meses. Atingiu a totalidade da sociedade brasileira, causando impactos sócio-econômicos e mentais a todos trabalhadores do país. É importante lembrar que, neste cenário político, ela é um
forte fator de ataque à capacidade de renda e sobrevivência das famílias ao lado de uma vasta gama de medidas cruéis que afeta diretamente os trabalhadores do país: cortes orçamentários na Educação e no SUS, reforma previdenciária, retirada de direitos dos trabalhadores e desemprego galopante. No âmbito da Saúde, a tradução desses ataques passa pela retirada dos registros de trabalhadores CLTistas no setor privado, pela retirada
de direitos dos servidores públicos, mais a precarização e privatização dos serviços públicos. A resultante é os profissionais da saúde enfrentarem graves conflitos e a esses somam-se outros tantos gerados nesta conjuntura.

Tais conflitos foram gerados para barbarizar a sociedade e estão sendo gestionados por aqueles que pertencem a um campo ideológico que manipula e confunde grande parte da sociedade civil, de forma a desviar os trabalhadores daquilo que, de fato, pode produzir uma unidade com o objetivo de encontrar caminhos positivos para a
crise sanitária que vivenciamos. A política econômica do país está sendo pautada em valores enganosos e tem como bandeiras as táticas de difamação. Assim como o moralismo enganador, o flerte com o autoritarismo, a recusa em aceitar a multiplicidade cultural, étnica e política do conjunto social brasileiro, o negacionismo científico é um
exemplo nesse panorama de construção de mentiras.

Todos os dias, os trabalhadores se veem obrigados a enfrentar, cara à cara, as consequências geradas por esse tipo de política, seja pelo ataque econômico aos setores, seja pela falta de condução sanitária a respeito da pandemia. Haja vista a grave situação vivida atualmente pelas categorias da Educação, quando os professores e outros
profissionais estão sendo coagidos a voltar às escolas, quando não há a mínima garantia de vacina no país. À sombra desta medida, ao impor e transferir as suas contradições à categoria do professorado, o poder público pretende se isentar da responsabilidade social que lhe cabe e futuramente lançar a culpa aos professores – formadores de opinião que estão sendo pressionados a colocar em prática o famigerado ditado ” Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Para uma mesma medida, temos dois pesos. Teoricamente, todos os cidadãos devem ser tratados da mesma forma perante a justiça, mas, na prática, os que detém maior poder social e econômico acabam por conseguir vantagens nos corriqueiros sistemas corruptos. Em outras palavras, os mandatários do governo buscaram se proteger e já tomaram as doses da vacina, de modo a correr o menor risco possível de contaminação e eliminar o perigo da morte. Já os professores serão obrigados a assumir todos os riscos e envolver nesse quadro os seus pares, os estudantes e as famílias.

No campo da Saúde não bastasse a resiliência que temos que assumir diante do número cada vez maior de mortos e infectados – dentre eles nossos colegas de trabalho que se foram, ultrapassando a conta dos mil mortos, em sua maioria técnicos de enfermagem – temos ainda que lidar com a violência dos negacionistas, com as
contradições geradas por protocolos sem respaldo em evidência alguma, provocando desespero nos pacientes infectados pela doença e levando-os a automedicação desnecessária.

Situações como as relatadas fazem muitas categorias, cujos sindicatos são fortes, buscarem soluções por suas próprias vias, como a compra de vacinas para seus afiliados.

Não podemos aceitar isto. Seria abrir as portas para a privatização da vacina. Podemos até justificar o desespero que leva a tal pensamento, diante da gravidade da situação, mas não podemos aceitar que outra instituição que não seja o ESTADO faça cargo desta tarefa. Para isto, existe um Estado. E é dever do Estado ser provedor. O Estado tem que devolver

à sociedade aquilo que arrecadou. Nós, os trabalhadores, mantemos o Estado e queremos ser ouvidos e considerados. Não há unificação e centralidade por parte dos que realizam a gestão de Estado no Brasil e, em consequência, seguimos à deriva e a pandemia segue sem nenhum controle e com medidas contraditórias dentro das esferas de poder. Enquanto o poder econômico utiliza o Estado como ferramenta para ampliar a exploração no campo do trabalho, fica visível o empobrecimento da população na mesma medida em que aumenta a fila dos que esperam por leitos hospitalares.

Diante de tamanha pressão, a saúde mental da população está sendo gravemente prejudicada. Os trabalhadores da Saúde Mental, entre psicólogos, terapeutas e psiquiatras, denunciam que o crescente adoecimento mental da população foi impactado pelo cenário pandêmico e de crise econômica. Por outro lado, os demais trabalhadores da saúde denunciam que existe o risco de faltarem leitos hospitalares, caso não haja compromisso real do Estado para enfrentar a crise sanitária vigente.

Não podemos aceitar esse estado de coisas. Não podemos aceitar uma prática terapêutica apartada da ciência e a serviço dos jogos econômicos e políticos de determinados grupos. Estamos contra a prescrição de fármacos sem comprovação científica. Estamos contra a difamação das vacinas e estamos contra uma política que leva
a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras ao precipício. Não podemos aceitar trabalhar sem equipamentos de proteção individual. Não podemos aceitar a negligência das medidas preventivas. Não podemos aceitar irregularidades e protecionismos na campanha de vacinação. Por tudo isto estamos unidos através desta Frente. Por tudo isto reivindicamos a Vacinação Pública, sob a égide do SUS, como via principal para o controle dessa pandemia.

Convidamos TODOS os trabalhadores da SAÚDE – desde o setor da limpeza a setor dos dirigentes de institutos de pesquisa – a se unirem a esta Frente para levar a todos os cantos deste país – do Amapá ao Rio Grande do Sul, dos litorais aos sertões – uma grande e forte Campanha Popular pela Vacinação Pública.

Cabe aos trabalhadores da saúde, nós que somos considerados confiáveis pela população e constantemente solicitados por ela, nós que temos sempre por obrigação informar e orientar, cabe a nós atuar nos nossos locais de trabalho, nos locais onde moramos e frequentamos, levar a ideia desta campanha e construí-la com informações
corretas e fazer crescer a consciência da necessidade da vacina e o dever do Estado para impedir o aumento de infecção e de morte, para termos de volta a liberdade de ir e vir, termos de volta a vida e os nossos direitos.

Os trabalhadores da saúde devem defender, MAIS QUE NUNCA, uma campanha como sempre se fez, através do SUS, de modo que todos os residentes deste país sejam imunizados contra esta doença – que segue matando sem que a racionalidade humana a faça parar. CHEGA DE MORTES!

Pela construção de uma CAMPANHA POPULAR PELA VACINAÇÃO PÚBLICA, jamais vista neste país!

VACINAÇÃO PÚBLICA JÁ!

Contato: frentevacinacao@yahoo.com
Os interessados podem enviar e-mail, com os seguintes dados: nome completo, categoria
de trabalho e local de origem.